Igreja bizantina
O cristianismo, religião fundada pelos apóstolos de Jesus Cristo, foi inicialmente muito reprimido e recusado como crença, até que em 313 o imperador romano Constantino I concedeu aos seus fiéis a liberdade religiosa.
A partir desse momento, essa religião começava sua caminhada para se tornar uma das mais seguidas atualmente. Durante toda sua existência, essa crença serviu para unir diversos povos, mas também sofreu algumas transformações que acabaram por alterar alguns de seus fundamentos e até dividir seus fiéis.
Essas transformações e dissensões se acentuaram principalmente durante a Idade Média, devido ao desentendimento entre o Papa, autoridade religiosa da parte ocidental da Europa, e os imperadores do ainda remanescente Império Romano do Oriente ou Império Bizantino. Algumas dessas discussões acabaram culminando com a divisão do cristianismo em 1054, num episódio conhecido como Cisma do Oriente, o qual deu origem à Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma, e à Igreja Ortodoxa Oriental, em Constantinopla.
O Cisma do Oriente, embora tenha uma data factual, tem origens mais remotas que estão ligadas principalmente à maneira como o cristianismo se desenvolveu no Império Bizantino. Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que a religião desempenhou um papel muito importante nesses domínios, uma vez que ela conseguiu aproximar diferentes povos, substituindo crenças anteriores e formando um sentimento de união entre seus habitantes.
Outras características do desenvolvimento do cristianismo, observáveis no Império Romano do Oriente, são:
- cesaropapismo: doutrina segundo a qual o chefe de Estado (o imperador) também cuidava da organização e da administração da sociedade cristã. Não reconhecia a autoridade papal. Assim, a Igreja ficava submetida ao Estado.

Justiniano. Foto: Wikimedia Commons
- monasticismo: a vida monástica se intensificou no Império, e os monges acabaram se tornando pessoas influentes, devido ao conhecimento que detinham. Esses religiosos desfrutavam certa autonomia e comercializavam os ícones (pinturas de santos) que produziam.

Entrada do Mosteiro Kykko, construído durante o Império Bizantino . Crédito: Son of Groucho. Licenciado por Creative Commons. Atribuição 2.0 Genérica.
- iconoclastia ou iconoclasmo: movimento que proibiu a produção e determinou a destruição dos ícones existentes, sob a alegação de idolatria a imagens (iconolatria). Instituída por Leão III, em 726, a iconoclastia perseguiu, prendeu e assassinou quaisquer pessoas que estivessem envolvidas com a veneração ou a criação desses materiais, práticas estas consideradas heresias.

Ícone bizantino . Crédito: Rick Gutebler. Licenciado por Creative Commons. Atribuição 2.0 Genérica.
- monofisismo: surgida na Antioquia, essa doutrina não reconhece a natureza humana de Jesus Cristo. Também foi considerada heresia.
Por Fábio Voitechen, em 17/12/2010.